Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

terça-feira, 16 de julho de 2019

A sua maldita falta.

   
   Sua falta era como um peso no seu peito, sua falta era como a falta de um órgão, sua falta era uma cicatriz que de vez em quando doía de um jeito lancinante. Ela não acreditava que depois daquele tempo todo ainda sentia a sua falta. E toda vez que ela jurava ter esquecido a dor a atingia, simplesmente como um aviso doloroso de que ela ainda sentia a sua falta. A sua maldita falta. E embora tivesse tantas razões para odiá-lo, ela simplesmente não conseguia, não conseguia parar de amar. Todas as bocas e corpos e flertes não apagavam o lugar dele, aquele lugar era dele, como se uma bomba tivesse deixado tudo tóxico, como se impossibilitasse de um novo amor brotar lá. Só havia destruição e saudade.
  Às vezes, ela acreditava que havia esquecido, vivendo aventuras e sonhos, mas, ele sempre voltava. Um fantasma, uma sombra no meio da escuridão. As lembranças atingindo-a tão fortemente que ela podia ouvir sua voz. Ela podia escutar a sua maldita voz, quase como uma alucinação. E depois ela sentia seu toque. Meu Deus, era enlouquecedor. Enlouquecedor não poder tocá-lo e nem escutar sua voz e nem sentir tudo que só ele a fizera sentir.
  Ela gritava aos céus, esbravejava aos deuses e ao cupido e ao destino, sem entender porque dar aquele amor a ela se era para depois, inesperadamente, como uma batida de carro ou a queda de um avião, perdê-lo. Ela mal sentiu o toque da batida, e, quando deu por si, ele não estava mais lá. E olha que ela lutou contra o que ela própria era , contra o orgulho, ela se perdeu no meio da caminho para não perdê-lo. Não mais. Não nunca mais.
   Por isso ela o odiava. Exceto que não conseguia odiá-lo.
   Então, ela o amava. Porque não sabia como deixar de amá-lo.
   Talvez um dia.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Desventuras em série: O Cara Babaca Que Se Faz De "Bonzinho".


      Quando você está perdida pode interpretar qualquer sinal errôneo como uma tábua de salvação. E pode ser enganada de forma mais fácil, já que quer desesperadamente algo que te faça esquecer os problemas e decepções que já passou. E é assim que nós começamos com o Ricardo.
A vida vai se ajustando aos poucos, ser professora de escrita criativa é algo que me mantém lúcida. Mas ainda falto algo. Obviamente quando você perde alguém amado falta algo, sempre irá faltar. Ricardo chegou nesse momento da minha vida, ele trabalhava no mesmo departamento que eu e por isso estava sempre presente. Fosse na faculdade, fosse no nosso ciclo de amigos, e isso fez com que eu acreditasse que ele poderia ser especial.
Sempre fui movida às emoções nesse departamento, sempre vivi o que senti, então nunca fui muito de dar chance a caras por quem não sentia a "faísca". Era preciso despertar algo em mim de cara, sabe? Talvez isso fosse pedir muito, mas quase sempre eu sabia quando iria gostar da pessoa. Nada de amor à primeira vista, por favor, não estamos em um clichê de comédias românticas, embora, muitas vezes, eu preferisse estar. Era mais como um...sentimento, um aviso, um instinto. Algo inexplicável e inomeável. Eu não senti isso pelo Ricardo, não senti nenhuma faísca, nenhuma empolgação. Mas, mesmo assim, resolvi dar uma chance. E esse foi o meu erro.
Me falavam que eu deveria dar chances a "caras legais", me falaram que eu tinha uma queda por "galinhas" e "bad boys". Isso não era TOTALMENTE verdade. Ok, talvez só um pouco. E há uma explicação para isso. Talvez fosse o senso de aventura, talvez fosse por terem algo que me faltava. Eu era a certinha, e ,sim, tem algo de excitante em se deixar envolver pelo errado. Admito. Talvez sejam as malditas comédias românticas hollywoodianas, com aquelas histórias de garotas boazinhas com caras "maus". A questão é que eu queria quebrar esse padrão e foi isso que me ferrou.
Ricardo era inteligente e relativamente divertido. Ele parecia realmente gostar de mim. Afinal, quem passa meses esperando por uma chance com você? Quem espera você terminar um relacionamento para tentar algo? Ele me viu sofrer e gritar, ele sabia de tudo, sabia como eu estava fragilizada. E éramos amigos. Claro que ele não iria me magoar. Certo?
Cansei de me sentir culpada por , supostamente, não dar chances a caras legais. Eu vou tentar, vou dar uma chance ao Ricardo. Ok, ele não é o meu tipo. Veja bem, eu gosto de caras bonitos (bonitos para mim, para o meu gosto). Eu não sou fútil. Droga, qual o problema de gostar de caras bonitos? Não é como se eu só reparasse nisso ou procurasse um modelo da Calvin Klein. Mas é preciso chamar a minha atenção, entende? Não há um ingrediente segredo, mas há pessoas que despertam algo em você, e ele, definitivamente, não despertava isso em mim. São as malditas "faíscas", já expliquei!
Acho que sentimentos pelo Ricardo podem estar surgindo. Quer dizer, ele é um fofo comigo. Conversamos por mensagens e eu gosto. Digo, estou gostando de conversar com ele e de provocá-lo, é um começo. Me agrada a ideia de sairmos juntos de casais. Quão legal é isso? Eu sempre quis uma saída de casais de amigos. Mas espera aí, ele não quer que eu conte aos nossos amigos, diz que é muito cedo e isso pode gerar uma pressão. Eu concordo. Acho. Faz sentido, não faz?
Estamos ficando há um tempinho. Acho que estou gostando dele. Nossos amigos ainda não sabem, acho que eles desconfiam, não sei por que não contar logo, mas ok.
Recebi uma mensagem anônima. UMA MENSAGEM ANÔNIMA.
Me falaram que ele tinha uma namorada. Ou melhor, ficante. Ou melhor, eles não namoravam, mas iriam casar.
QUE MERDA É ESSA?
Obviamente eu achei que estava ficando com um cara solteiro. Obviamente eu soltei os cachorros, ou melhor, os pitbulls nele. Qual foi a reação? Ah, a reação foi uma história bem convicente (ou não, a gente acredita no que quer) sobre a tal da menina, a Renata, ser doida, sobre eles terem ficado antes de mim, mas não estarem mais ficando. O que eu deveria fazer? Conversar com a menina (que ok, pareceu um pouquinho maluca, no final das contas), e esclarecer, descobrir quem estava mentindo.
Espera. Eu não vou fazer isso. É óbvio que a menina é louca. Olha só a história que ela contou. Noivos sem nem namorar? Me poupe! Certo?
Errado.
Mas eu deveria confiar nele, eu o conheço. Vou confiar nele, certo?
Errado.
Ele não faria isso, não depois de tudo...Certo?
Errado.
Certo. Certo.
Passamos essa história. Claro que foi um mal entendido. Claro que a menina é louca.
Ele tá mais distante, e ainda por cima não assume que a gente fica. "Melhor evitar falar, caso não dê certo." Palavras dele. Romântico, não?
Não fazemos programas de casal. Sei lá, é legal a reunião com a galera. E é legal ele vir aqui para a minha casa. É legal eu ir pra casa dele. Mas cadê o cinema? Ou o jantar? Não sei. Falta um pouco mais de...romantismo, companheirismo. Eu não me sinto respeitada. Por que deixo isso acontecer? Eu só não quero me decepcionar de novo. Isso é coisa da minha cabeça. Certo?
...
O Ricardo está distante, eu sei. Eu simplesmente sempre SEI quando tem algo de errado. Eu sinto quando vou ser magoada. Eu sinto que vou me ferrar. É caótico. É um trem desgovernado, mas eu não consigo me mexer. Só resta, uma das coisas que mais detesto, esperar. E S P E R A R.
E ele simplesmente some. E ele não dá nenhuma satisfação.
Vou falar, vou questionar, eu tenho o direito de saber o que diabos está acontecendo.
Ele fala simplesmente um "Nós não estamos mais ficando, ue. Achei que estava claro. Achei que não precisássemos conversar."
Claro, porque eu sou a porra de uma boneca descartável.
"Nós muito somos diferentes. Não vai dar certo, sabe? Acho que é melhor assim". Tradução: "Você não faz o que eu quero. E me cobra coisas, como comprometimento. Além disso, e principalmente por isso, a gente não transa. Esse relacionamento não é cômodo para mim. Você nega o que eu quero, pensa e me questiona".
E isso era eu sendo besta. Ah, querido, você não tem ideia de como realmente eu PENSO e QUESTIONO agora. Como eu realmente só faço o que eu quero e o que meu corpo quer. Sinto muito se você não foi bom o suficiente para conseguir de mim o que queria.
Eu falei.
E falei.
Uma coisa que você aprende na vida é falar o que quer , a não se importar se ELE não quer ouvir, mas se importar com o que VOCÊ precisa falar.
E assim encerra-se uma bela história de amor.
Não, claro que tem mais. Mas ,calma, garotas. Agora não é a hora que ele vem atrás do seu amor, quer voltar arrependido. Não é uma comédia romântica, ao menos ainda não, por enquanto é só a vida.
Ele está namorando com a tal Renata. Ele postou no nosso grupo ao invés de falar comigo cara a cara. Qual o problema desse "homem"? Sim, entre aspas, assim mesmo. Aliás, qual o meu problema não ter visto tudo isso? E, ainda por cima, ele fala comigo normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Parabéns, Ricardo. Você ganhou o prêmio de cara de pau do ano.
Vamos fechar com chave de ouro? Por algum motivo, você não supera logo ele, você está apaixonada, sabe-se Deus o porquê. (Idealização romântica, carência, e motivos afins). O que fazemos como uma forma saudável de superar o boy? Stalkear ele e a namorada, é claro! (Parabéns para quem acertou).
Eu ainda tentei por um tempo achar justificativas para a sua falha de caráter, sabe? Ainda pensei que em um futuro poderíamos ser amigos. Mas sabe as pessoas que falam que stalkear o ex não faz bem? Na verdade, às vezes é ótimo. Aqui eis a minha descoberta: o amuleto que eu havia dado ao Ricardo, como uma pessoa meiga e fofa que sou, apareceu misteriosamente no pescoço da Renata. Sim. É, eu sei.
Na verdade, isso foi maravilhoso. Depois dessa, Ricardo poderia ser o último homem da terra e eu não ficaria com ele. De repente, a ideia de viver em terras distantes com monges pareceu agradabilíssima. E essa é a nossa história de amor.
Se eu me arrependo do Ricardo? Claro que não! Ele me ensinou lições preciosas.
Lição número 1: Faça somente o que você quer, girl. Sei que muitas vezes as pessoas querem ajudar, mas as suas escolhas são suas, erradas ou certas, boas ou ruins, você é quem precisa decidir, arcar com seus erros e acertos, e ,assim, aprender. Siga a "faísca", se vai correr risco, ao menos corra por algo ou alguém que fez você sentir.
Lição número 2: Onde há fumaça, normalmente há fogo. Verifique. Confiar é bom, mas certifique-se de confiar em quem vale a pena.
Lição número 3: Não culpe a outra garota. Muitas vezes ela pode estar na mesma situação que você, ela pode não ver que está com um idiota. É bem mais fácil pôr a culpa na garota, nosso sistema machista nos ensinou isso. Além disso, é mais difícil culpar quem você gosta e enxergar que o cara por quem está apaixonada não é um "pobre coitado" que foi coagido pela "vadia". Mas precisamos enxergar. Precisamos nos unir. Mulheres no poder. Cadê a nossa irmandade? Culpe o verdadeiro dono da culpa, independendo do gênero.
Lição número 4: Você não é a louca da história e nem deve se pressionada. Só faça o que quer, fale o que quer, viva o que quer. O relacionamento é feito por duas pessoas. Tenha voz.
Eu vos apresento Ricardo, mais conhecido como o cara babaca que se faz de "bonzinho". Foi um prazer conhecê-lo e aprender valiosas lições, mas foi um prazer ainda maior livrar-me dele.
                                                                                                                                              Assinado,
                            Queen Villanueva

Desventuras Amorosas em Série: O Boy Lixo Do Tinder.


  
      É só um aplicativo, não tem nada de mais em usar! Todo mundo está usando. Pensei pela milésima vez antes de ter coragem de criar a minha conta. Digo, eu sou mente aberta, não julgo os outros, ou ao menos tento não julgar... é só que sou uma romântica, sabe? Daquelas que imaginam uma cena de beijo na chuva após uma declaração de amor, como em Bonequinha de Luxo.
O grande problema é que esse romantismo às vezes nos faz romantizar algo que não deve ser romantizado. Como um boy lixo do Tinder.
É, esse sim. Esse...talvez! Esse DEFINITIVAMENTE não. ESSE SIM, POR FAVOR. Que sorriso bonito! Sim, ele sim. (Oh Deus, quem dera houvesse uma voz na minha cabeça dizendo "Não, ele não!".)
Sabe, depois que passamos por um período de perda, queremos achar algo que nos faça sentir vivos. O problema é quando isso faz com quem você deposite suas expectativas em alguém, principalmente quando esse alguém é o oposto do que você iria querer se enxergasse claramente no momento. Mas não vamos nos adiantar!
Ele falou comigo. Como eu respondo? A era da tecnologia nos permite pensar mais antes de falar e se soltar mais, o que é ótimo para alguém envergonhada. Veja bem, envergonhada, do tipo que cora e fica muito vermelha, mas não tímida. Há uma diferença, como diz meu amigo Daniel. Porém, cadê o romantismo? Cadê o olho no olho? Cadê as coincidências que te fazem encontrar alguém de forma espontânea? Ou seria o destino? Para com isso! A era moderna é assim! Deixa de ser careta, você é nova. Vai, fala com ele.
Duas horas e meia depois.
Ele é incrível! Ai meu Deus! Será possível já nos darmos tão bem? Não vou me empolgar, estou a fim de curtir. Isso, curtir. Romantismo nunca funcionou para mim.
Preciso de conselho. Cadê meu celular?
- Amiga, nós vamos sair hoje, para o cinema. Ai meu Deus, preciso de ajuda com a roupa. Provavelmente um vestido. Vestidos são uma espécie de ritual meu para encontro.
- Eu quero saber TUDO depois. Vai dar certo, amiga.
- Ok. Cruze os dedos por mim.
Nossa, ele veio a um shopping mais perto por minha causa! Preciso pensar em possíveis tópicos para conversarmos. Digo, claro que temos muitos assuntos, mas, por via das dúvidas, é sempre bom, já que nunca nos vimos pessoalmente. Espero não travar.
Será que essa roupa está mesmo boa? E a maquiagem? Às vezes é muito difícil ser mulher...se os homens soubessem! Depilação, roupa, maquiagem, fora o resto...Se eles soubessem diriam mais vezes como estamos lindas. Poxa, isso faz tanta diferença!
Cadê ele? Eu cheguei primeiro. Ai meu Deus. Simplesmente odeio esperar. Merda! Cadê o Wifi desse shopping?
Ele chegou!
O primeiro encontro foi ótimo. A conversa rolou naturalmente, os beijos também...Ele foi um fofo. Preciso contar às minhas amigas e mais tarde vou sair.
Nossa, ele vai tentar me encontrar lá também? Será que finalmente eu vou gostar de quem gosta de mim ao invés de gostar da pessoa errada ou dos caras super legais, mas por quem não sinto coisa nenhuma? Isso é pedir demais no século XXI? Século dos relacionamentos fluídos, sem profundidade e sem maturidade.
O Marcos é perfeito. A gente se dá tão bem. Já estamos tão próximos em tão pouco tempo. Eu sei que a Maria não foi com a cara dele. E nem a Giovanna. Ah, mas elas não o conhecem como eu. Eu o conheço há...quanto tempo mesmo? Duas semanas? Mas e daí? Romeu e Julieta se apaixonaram de cara. Ok, eles acabaram mortos. E eu nem gosto de Romeu e Julieta, prefiro A Megera Domada. Ok, mesmo assim. Eu mereço uma história de amor e finalmente chegou!
O Marcos é perfeito. Quer dizer, perfeito não, né? Ninguém é perfeito. Um dia desses, ele reclamou que eu falo alto. Depois ele fez uma brincadeira em relação ao meu corpo. Quer dizer, talvez eu precise mesmo emagrecer um pouco. Vou voltar à academia. Ele também reclamou que eu não quero transar ainda. Eu sei como sexo é importante, principalmente para os homens. Mas estamos namorando há pouco tempo! E é importante para mim. Mas ele vai esperar, ele me ama. Certo?
O Marcos é humano. Ele está em crise com o nosso namoro. Quem diabos entra em crise com...o quê? Um mês? Dois meses de namoro? Mas ok, no começo eu que tive medo, agora eu vou lutar por ele. Eu não sou o tipo de mulher que desiste, eu luto pelo o que me importa. Mas será que ele se importa? É só uma crise, nós vamos ficar juntos sim. Tenho certeza. Acho...
Vai dar tudo certo! Eu me declarei para ele e fiz uns presentinhos, um CD com fotos nossas e coisas que ele gosta, além daquele desenho do qual o Marcos gosta. Sou um amorzinho. Ele vai viajar, é uma boa forma de lembrar-se de mim e refletir. Quando ele voltar irá perceber como me ama, então iremos nos encontrar no aeroporto, igual aos filmes melosos e bregas que eu assisto!
O Marcos é um babaca. Ele terminou comigo por whatsapp. Ele falava que me amava! Como alguém termina com você por uma merda de um aplicativo?
Justificativa: Enjoou de mim.
Isso mesmo, enjoou de mim! Quem fala isso para uma pessoa? Aliás, temos uma pergunta melhor aqui: Quem enjoa de mim? Por favor, né querido?
Por que eu não posso ser feliz? Poxa, depois de tanta coisa...Eu o amo. Ele me ama! Ele vai descobrir, vai descobrir e se arrepender. Eu não vou voltar. Ok, eu vou, mas só depois de ele merecer e provar que me ama. Vai dar tudo certo. Por que eu não consigo parar de chorar? Droga. Droga!
O corpo humano tem em média 70% a 75% de água. Alguma chance de eu estar chegando ao limiar de esvaziar essa água? Quanto a gente é capaz de chorar? Tento lembrar de Vinícius de Morais, "Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure." Mas precisava nosso infinito durar tão pouco? Vou ouvir Pablo. Pablo, o original, não a Vittar. Ou talvez eu devesse ter escutado a Vittar. Droga, por que ela ainda não era conhecida na época?
O Marcos é O cretino. Ele está namorando! Namorando um mês depois de terminar comigo. E com quem? Justo com a menina que "corria atrás dele", aliás, a "vadia", como ele falava. Mas eu não acho que o problema seja ela. Meu Deus, eu não percebi que ele era machista? E opressor? E possessivo? Pera, eu lembro daquele dia que ele queria que eu faltasse o aniversário do meu amigo...e Ah, droga! O amor nos torna estúpidos. Aliás, não, o amor não. Aquilo nunca foi amor.
Chorei. Gritei. Briguei. Depois? Nada.
Muito obrigada por terminado comigo, Marcos. Você me poupou uma boa perda de tempo e ainda me ensinou lições valiosas!
Se eu me arrependo de namorar o Marcos? Claro que não! Ele me ensinou lições preciosas.
Lição número 1: Não namore alguém por carência ou por achar que não vai encontrar alguém melhor. Seja suficiente para depois ter esse alguém, e não porque você precisa, mas sim por ser uma escolha.
Lição número 2: Não namore alguém que te diminua. Você não é perfeita, mas é incrível do jeito que é. O seu corpo, o seu cabelo, as suas roupas, suas músicas, seus livros, e tudo mais que for seu, é SEU. Não mude porque alguém está te impondo isso. Seu boy tem que te amar e te desejar exatamente do jeito que você é.
Lição número 3: Não aceite relacionamentos abusivos, caras machistas que tentem te impor algo. Inclusive, o sexo acontece quando VOCÊ quiser, quando for algo que os dois queiram.
Lição 4: Não namore babacas. E se descobrir que está namorando um, livre-se dele.
Eu vos apresento Marcos, mais conhecido como o cara babaca do Tinder. Foi um prazer conhecê-lo e aprender valiosas lições, mas foi um prazer ainda maior livrar-me dele.
Assinado,

Queen Villanueva.

Às Três Horas.

  

     Era uma mansão linda e enorme, mas havia algo de sombrio nela. Eu não lembrava porque estava lá. E quem eram aquelas pessoas?  Estavam sentadas comigo na enorme mesa de jantar. Elas sorriam para mim, mas era um sorriso sinistro. A mulher de cabelos negros e presos em uma coque virou a cabeça na minha direção lentamente e sorriu. Um calafrio percorreu todo o meu corpo.
Acordei.  Olhei para o relógio e eram três da madrugada.
Era só um sonho. Fui à escola.
Eu estava novamente na mansão. Novamente com aquelas pessoas. Dessa vez estava procurando algo, mas eu não conseguia me lembrar o que era. A sala era cheia de pinturas neoclássicas, parecia uma casa saída de séculos passados. E as nossas roupas também. Era um filme de época, só que sinistro.
Eu preciso encontrar. Eu preciso encontrar. Aonde colocaram?
Acordei novamente. Suada e descabelada. O relógio marcava três horas.  Novamente.
Ok, era um pouco estranho, mas não deve ser nada de mais. Talvez eu deva procurar o significado no Google.
Três semanas depois. Três semanas que eu não conseguia dormir direito. Mas dessa vez não conseguia me lembrar do sonho, simplesmente acordava agitada e gritando.
De novo na mansão. Mas dessa vez eu estava no jardim. E corria. Ouvia sussurros e me escondia. O que estava acontecendo? Lembrei a mim mesma que era novamente um sonho e me tranquilizei. Vou esperar acordar, vou esperar passa.
De repente, ele veio na minha direção. Era a única pessoa normal naquele sonho, um pouco sinistro, vestido todo de preto, mas era bonito e jovem, com olhos azuis penetrantes e tristes. Ele me olhou nos olhos e disse:
- O que você estava fazendo aqui? Não achou?  Não conseguiu ir embora? !
- Do que você está falando? Quem é você?
- Você não lembra? Elizabeth, você precisa ir embora! Cadê a chave?
- Mas o que...Elizabeth? Meu nome não é Elizabeth, é Lia! E que chave é essa?
- A chave para o portal, para o mundo dos vivos...Você sabe que é a única maneira de escapar daqui!
- Ok, esse sonho está demorando mais do que o normal. EU QUERO ACORDAR. – Disse desesperada, fechando e abrindo os olhos. Me beliscando. Mas nada acontecia. NADA.
- Elizabeth, eu sinto muito...eu tentei.
E de repente, as pessoas sinistras voltaram. Envoltas em mantos negros como uma noite sem estrelas. Elas sorriam e flutuavam. Que diabos estava acontecendo? Eu fechava e abria os olhos. Me beliscava. "Acorde. Acorde".  Mas nada acontecia. Lágrimas gélidas escorriam pelas as minhas bochechas enquanto eu sentia um frio percorrendo todo o meu corpo.
Espectros me cercavam e me aprisionavam. Enquanto a mulher do jantar sorria para mim. Ela tinha buracos no lugar dos olhos e o sorriso parecia um abismo para a morte.
Gritei. Enquanto isso Gustav sumia, com o olhar mais triste que já vi. De repente lembrei!
Gustav.
Eu e Gustav presos naquele submundo.
Ele tentou me salvar. Ele tentou me alertar. A chave. Eu esqueci, eu não encontrei. A única chance de me libertar.
Mais espectros me cercavam enquanto a mulher sorria.
Eu queria acordar, mas sabia que não adiantaria. Aquilo não era um sonho, aquilo era o meu fim.

Então é Natal...


        Era natal, a minha época favorita do ano. A minha época favorita depois do meu aniversário ; sim, eu sei que isso soa narcisista, mas é no aniversário que comemoramos a vida, reunimos as pessoas que amamos, e, ok, ganhamos presentes e comemos muito, e não tem nada de errado em amar tudo isso;apesar de não ter uma família grande e feliz como as da propagandas da Boticário ou da Coca Cola. Mas ainda era Natal, que ,ao contrário do que os céticos dizem, não é uma época de hipocrisia na qual o capitalismo se aproveita em cima da crença do Papai Noel. Ok, talvez um pouco.
Porém, Natal é mais que isso, é quando as pessoas ficam mais doces e mais gentis, é quando relembramos o que realmente importa, é quando celebramos o amor e a fé em um mundo melhor, cada um na sua crença, seja qual for. É época de celebrar o amor e nos reunimos com quem importa, com quem permanece. É Natal, e isso já diz tudo. Cidade iluminada, cheiro de chocotonne no ar, chester saindo do forno e algo doce e mágico que aquece os nossos corações. Isso é Natal, a renovação da fé no amanhã, a luz que volta a brilhar.
Esse Natal era o segundo mais difícil da minha vida, o segundo que eu passava após uma perda recente, só que essa perda decidiu perde-se de mim. Era Natal e doía, doía porque eu queria desejar-lhe feliz Natal, doía porque eu queria abraçá-lo e dá-lo o presente de Natal que havia planejado. Doía porque ele era o presente de Natal que eu mais queria e não podia mais ter. Mas, como há uma mão que nos acaricia a cada perda, a cada dor, eu os tinha, eu tinha os meus amigos, a família que nós escolhemos para nunca abandonar e nem esquecer. E é com eles que eu tive o Natal imperfeito mais que perfeito de todos.
Finalmente Anna, Leo e eu havíamos chegado à casa de Anna, onde faríamos a ceia e levaríamos para o apartamento de Jade. Nosso Natal seria na casa de Anna, mas por conta de algumas questões familiares mudamos para o apartamento de Jade, ou melhor, da sua tia, que havia se mudado e estava morando em um condomínio de luxo, ou seja: iríamos nos aproveitar por um dia dos luxos da classe média alta, como todo bom cidadão da classe média que se preze!
Havíamos nos atrasado um pouco, não por minha causa, claro, pois ao contrário do que meus amigos caluniadores falavam, eu não atrasava assim! Eles que eram super hiper pontuais. Por Deus, eu não estava na Inglaterra! Mas agora, finalmente, estávamos na casa de Anna, que era do outro lado da cidade, e preparávamos a ceia. Eles preparavam, na verdade, já que eu não possuía muitos dotes culinários. Afinal, eu já tinha muitos outros talentos, certo? Uma garota não pode ter tudo! Anna era uma cozinheira de mãos cheias, em compensação, e eu queria que ela acreditasse em todo o potencial que todos víamos que ela tinha.
- Ariel, o que você está fazendo? Não é assim que se bate ovos, amiga! Leo, vem ver o que a Ariel está fazendo! – Disse Anna a gargalhadas.
- Nossa, amiga, fico cada vez mais impressionado com seus dotes culinários! É hora da bebê sair da cozinha, vai brincar com o amiguinho vai. – Falou Leo, rindo sarcasticamente e apontado para Erick, seu namorado que eu havia conhecido há pouco e já adorado!
- Há há há Como vocês  são engraçados, eu estou fazendo exatamente o que Anna mandou! – Falei, revirando os olhos e me segurando para não rir, ao mesmo tempo brava, pois não curtia muito isso de ser contrariada e fazer as coisas errado. Embora, sim, eles tinham razão. O que eu estava fazendo?
Depois de um tempo, finalmente tudo estava dando certo e nós não estávamos tão atrasados assim, pelo contrário, afinal, Jade ainda nem havia comprado o presente do seu amigo secreto! Ao fazermos essa descoberta, a vídeo chamada que estávamos fazendo se encheu de lamúrias desesperadas e indagações como "Jade, como assim você ainda vai ao shopping comprar o presente do amigo secreto??". Ao passo que Jade apenas ria das nossas caras. Aquela Jade! Ainda nem acreditava que éramos amigas há tão pouco tempo! Eu era tão grata por tê-la, isso só mostrava como tudo na vida tem um motivo e como podemos extrair algo bom até de situações improváveis, e esse era o meu presente que permanecia após o fim do meu relacionamento, a minha amiga corajosa e protetora, a minha amiga Jade.
Finalmente decidimos que eu, Leo e Erick ficaríamos no condomínio enquanto Jade, Anna e Pedro, seu namorado iriam ao shopping mais perto comprar o tal presente. Era tão bom ver Anna e Pedro juntos, eu havia acompanhado o fim do namoro e todo o meio termo que veio após isso. Ao menos os meus amigos estavam felizes no amor, e eu estava reaprendendo a ser feliz só. Aliás, só não, sozinha nunca, pois eu tinha muitas pessoas especais na minha vida. Sabe, muitas pessoas criticam a tristeza que vem por você estar só após um tempo namorando, mas o que essas pessoas não entendem, ao menos no meu caso e, com certeza, de outras pessoas, é que você sabe e é feliz "sozinho", não é a falta de ter um namorado ou uma namorada que dói, é o fato de você não ter aquela pessoa específica para viver todos aqueles momentos ao seu lado, porque, no final das contas, todo mundo quer um amor. E eu sou canceriana, pelo amor de Deus!
De repente fui acordada dos meus devaneios, afinal, o que importava hoje era só estar na companhia dos meus amigos. Eu, Leo e Erick decidimos explorar o condomínio, descer para a piscina, enfim, fazer qualquer coisa que fizesse aquela fome absurda passar enquanto o resto ia ao shopping. Obrigada de novo, Jade.
Depois do que pareceu uma eternidade, eles voltaram. Finalmente iríamos comer! Ou não. Pois Jade esqueceu A CHAVE no shopping. Céus, eu estava a ponto de jogar Jade na piscina. E teria ajuda.
- Acho bom eles voltarem logo, ou eu vou devorar o Erick! E não no bom sentido. – Disse Leo, uma mistura de zanga com risos.
- Ei, me tire fora dessa! Se alguém vai ser devorada é a jade! – Respondeu Erick, puxando Leo para um selinho.
- Hey, vão para um quarto ou respeitem a minha posição de vela! – Falei, fingindo raiva, mas não conseguindo segurar o riso por muito tempo. Típico Ariel, típico.
- Como quiser, querida amiga. – Respondeu Leo, ao segurar a mão de Erick e fazer menção a sair da piscina. Para logo depois gargalhar.
Resolvemos subir um pouco para eu ir me preparando, afinal, a minha fama de demorar a me arrumar já chegou até as montanhas do Himalaia. Vai entender. Eu não lembrava qual era a porta, pois eram exatamente iguais, uma do lado da outra, em minha defesa. Então, Leo apontou-me qual era a porta, e eu simplesmente fui abrindo, afinal, a porta estava aberta. De repente, Leo gritou "Ariel, não é esse o apartamento! Não acredito que você não percebeu".Eu fiquei vermelha como o meu vestido natalino e tentei explicar que a culpa claramente era ele, já que as portas eram iguais, os apartamentos eram iguais e nós só havíamos ido lá no momento em que chegamos. Claro que era super normal confundir. Ou não? Então, simplesmente gargalhamos, o que não é nenhuma novidade quando se está na presença de Leo, a sua alegria e energia são contagiantes. Porém, as pessoas que estavam no apartamento que eu sorrateira e inocentemente invadi saíram de lá, e eram rapazes da nossa idade. Ótimo. A situação não poderia ficar melhor. Então, eles falaram conosco sobre a música de "sofrência" que tocava no apartamento da tia de Jade, que estava com as suas amigas ouvindo Marília Medonça. E eu simplesmente não conseguia agir como uma jovem mulher normal e me conter. Claro que eu não conseguia. Ao invés disso, eu ficava cada vez mais vermelha e me controlava para conseguir parar de rir. Ótimo. Agora a situação realmente não podia ficar melhor. Ou é melhor eu manter a minha boca calada. Afinal, Leo não me deixaria esquecer aquele momento constrangedor, e, ok, bem engraçado. E contaria ao condomínio todo se fosse possível. Já me preparava para as piadas. Dou-lhe uma, dou-lhe duas...
- Então, Ariel...- Falou Leo. Aqui vamos nós.
Descemos novamente e vimos que finalmente nossos amigos haviam chegado. Coitado do Pedro, não aguentava mais andar de um lado para o outro. A sua cara de fome estava impagável. Pedro era tão jovem, mas já tão responsável e batalhador, não é a toa que sua carreira na política iria decolar, uma hora ou outra. E, graças a Deus, ele tinha Anna, uma mulher maravilhosa, ao seu lado, para ajudá-lo em tudo.
Quando finalmente íamos subir. Comida, eu posso te sentir. De repente. Fome. Anna disse que havia esquecido os presentes do amigo secreto, dela e de Pedro, na sua casa. Não. Comida. Fome. Não. Não. Socorro, vou virar um zumbi natalino e sair por ai comendo as pessoas. E como disse Leo, não em um bom sentido. Ao menos a casa de Anna era perto. Mas, sério, que jantar mais difícil era aquele? Estava mais difícil do que ir à lua. Meus amigos olhavam de um para o outro, com cara de desespero e agonia. Juro que podíamos escutar o estomago um do outro roncar. Observávamos mais uma vez nossos amigos voltarem para aquele looping. Sério, aquele era um labirinto anti Natal muito cruel. Grinch, isso certamente é obra dele. Sempre soube que o Grinch era real. Eu vi um cara de verde passando ou estou alucinando devido à fome? Ai meu Papai Noel.
Esperamos o que pareceram mais alguns séculos. Até o repertório humorístico de Leo parecia acabar. E olha que eu achava que aquilo era impossível. Quando, finalmente, nossos amigos voltaram. Obrigada, Papai Noel. Chupa essa, Grinch.
- Gente, tudo certo? Digam que ninguém esqueceu mais nada, pelo amor de Deus! – Disse Leo, aos berros, dramatizando um pouco a situação, claro, seu senso de humor era sempre certeiro.
- Sim, agora vai! – Disse Jade, também fazendo cara de desespero, mas rindo do tom de dramalhão mexicano usado por Leo.
Subimos o elevador, emocionados porque finalmente iríamos fazer uma das melhores coisas da vida: comer. Obviamente.
Estávamos rindo, Leo já contando o meu momento maravilhosamente constrangedor com os vizinhos. (Que ao menos eram bonitinhos. Ops...). Quando percebemos que a porta do apartamento estava trancanda. Ah não...Sério? Nós tocávamos a campainha, os cachorros latiam. Maravilhosos caninos, sempre tentando ajudar. Jade gritava que nem uma louca, possivelmente acordando todo o prédio, inclusive os vizinhos gatos, menos, claro, a pessoa que mais nos interessava, a sua tia. Anna e Pedro não tinham nem mais forças para fazer algo. Erick olhava para os lados, pensando como diabos havíamos tornado comer algo tão impossível. Leo falava da sua teoria de estarmos em um looping. E talvez fosse verdade.
- Ariel, agora é a hora que você realmente entra na cada dos vizinhos e ai nós passamos de uma janela para a outra, ou simplesmente pedimos abrigo. – Disse Jade as gargalhadas, afinal, não tínhamos para onde ir, não tínhamos o que comer, então, claro, que a distração seria a pobre e inocente Ariel.
- Fala baixo, Jade! Eles podem ouvir. – Falei, enrubescendo só de pensar na possibilidade de novamente viver um momento daqueles com aqueles caras desconhecidos. Por Céus, desde o fim do meu namoro eu não sabia nem o que era paquerar mais.
- Essa é a intenção! – Respondeu Jade.
E todos começaram a falar, Leo contou pela milésima vez a história da porta errada, e assim seguimos, até, finalmente, a tia de Jade acordar e abrir a porta. Meu Deus, aquilo era real? Ou um sonho? Finalmente tinha dado certo?
Anna correu para arrumarmos as coisas e eu corri para me arrumar e depois ajudá-la, claro. Prioridades, prioridades.
O apartamento se encheu de tudo que mais amo no Natal, risadas, cheiro de comida gostosa e quentinha, e, acima de tudo e de todos, amor. Eu observava aquela cena dos meus amigos e meu peito se enchia de amor e gratidão, nada mais importava naquele momento. Eles me faziam sentir que era, de fato, Natal. Quando, de repente, Leo olhou para todos nós e disse:
- Será que de fato estamos todos aqui finalmente comendo ou isso é uma alucinação e o looping começará novamente e nós ainda estaremos descobrindo que a Jade ainda vai comprar o presente do amigo secreto, e a Anna esqueceu o dela e...
Todos gargalhamos e gritamos em uníssono "Não, por favor. NÃO!".
E sim, de fato, era Natal. Eles faziam raiar o Natal em mim, porque eles faziam raiar o meu melhor mesmo durante o meu pior.
Nós comemos (FINALMENTE. Deus, de fato, existe), rimos, jogamos, fizemos o nosso amigo secreto. Eu tirei o Leo, e a Anna me tirou. Mas eu não conseguiria contar tudo que houve nesse Natal nem que eu tentasse arduamente, não conseguiria descrever os sentimentos nem que fosse Jane Austen, porque tem coisas que nós não conseguimos explicar por meio das palavras, tem coisas que nós só conseguimos explicar dentro de nós. Na vida, há coisas que as palavras não conseguem explicar, nós só sentimos e isso basta. E isso é mais do que o suficiente.
Anna, o meu complemento, coração precioso e desmedido, o talento prestes a ser descoberto. Braços e coração abertos.
Jade, a minha protetora, coragem e grandiosidade, uma inspiração. Meu refúgio.
Leo, a minha alegria, serenidade e felicidade. Orgulho de ter como amigo. Não tem como ficar triste ao seu lado, e isso é um dom.
Pedro, fé no futuro, honestidade e generosidade. Orgulho de vê-lo sonhar e viver do seu sonho.
Erick, sente-se a bondade só de olhar. Leveza e simpatia aonde chegar.
Obrigada por terem me dado o Natal imperfeito mais que perfeito de todos. O Natal é uma vez ao ano, mas vocês...vocês são o meu presente o ano todo. Obrigada por me fazerem sentir que é Natal, mesmo quando não é.

Aurora - a verdadeira princesa.



   Era uma vez uma princesa chamada Aurora. Ela nasceu em um reino onde era muito amada pela sua família, e, ao crescer, ganhou o coração de todo o reino, pois Aurora fazia jus ao seu nome. Para quem não sabe, Aurora significa o nascer do sol ou aquela brilha como o ouro, e era exatamente isso e muito mais que ela era. A princesa iluminava a vida de todos ao seu redor. 
Aurora cresceu sendo um pouco protegida demais pelos seus pais, afinal, a princesa tinha o coração muito puro, poderia até dizer que ela não era para esse mundo tão repleto de crueldade, por isso seus pais tinham medo dela sofrer, afinal, esse era o pesadelo de todos os pais, certo? Mas o que os pais lá no fundo sabem, é que não tem como proteger os filhos para sempre. Uma hora eles quebram, e a única coisa que os pais podem fazer é estar lá para oferecer colo. 
Assim, a princesa teve que se aventurar pelo reino e aprender, para no futuro ser uma ótima governante. E foi assim que conheci Aurora e nos tornamos melhores amigas. 
Estávamos em uma escola para futuros governantes, embora, claro, nem todos fossem da nobreza ou futuros governantes, afinal, a meritocracia tem um limite. Aurora era a mais amada da escola, ela sempre oferecia palavras doces e um sorriso, sempre acreditando no melhor, sempre com fé nEle. Aurora já havia sofrido antes, perdido as esperanças, adoecido, mas ela se reinventava e lutava a cada dia, como uma verdadeira princesa. 
O sonho de Aurora sempre foi encontrar o amor, casar, construir uma família para assim governar seu reino com muito amor. Quando Aurora já havia quase perdido as esperanças, ela encontrou o seu príncipe. O reino entrou em êxtase, foi a maior história de amor com o casamento mais esperado do ano. Todos estavam felizes pela princesa. Exceto que não foi. Nem sempre as coisas são o que parecem, caro leitor. 
Aurora descobriu que seu príncipe na verdade era um babaca (precisamos parar de comparar caras babacas com sapos! Afinal, que culpa eles têm? Já assistiram aos Muppets? O Caco é um sapo bem legal) . Não interessa relembrar o que o príncipe fajuto fez, ele fez idiotices das quais se arrependerá eternamente. É isso que príncipe fajutos e babacas fazem. E se arrependem. E pagam o preço. Mas o foco aqui, quem realmente importa nessa história, meu leitor, é a Aurora. 
Aurora desabou, ela viu seu castelo desmoronar e seus sonhos sucumbirem. Ela só queria que a dor parasse. Oh céus, por que tinha que doer tanto? Ela faria qualquer coisa para a dor passar...e ela fez. Mas Aurora, a sensível, ingênua e doce Aurora, não era mais uma princesa, ela era uma rainha. Ela era uma mulher. Aurora se reergueu, ergueu-se aos céus, sentiu a mão dEle toca- lá , porque ela era sua filha. Sua filhada amada e perfeita, que não merecia sofrer. Mas o sofrimento é parte de estar vivo. O sofrimento é parte de ser humano. 
Ainda doía, a dor, infelizmente, não some tão fácil, não há um remédio realmente eficaz. Mas iria parar de doer, iria parar porque Aurora não estava só, ela era a princesa mais amada do reino. Ela tinha sua família, seus amigos, ela tinha a mim, a sua melhor amiga. Mas, acima de tudo, ela tinha Deus, Ele iria curá-la e ainda daria tudo que ela merecia. A justiça dEle é mais perfeita e eficaz que qualquer atrocidade provocava pelo mundano. 
Aurora tinha ela mesma, sua força, sua coragem e sua fé. Aurora era maior que tudo isso. E ela raiaria de novo, mais forte e mais luminosa do que nunca. Ela raiaria para esse novo começo, para seus novos sonhos, para a sua nova vida que estava só começando. Afinal, ela é a áurea, e, não se esqueça, a luz sempre vence a escuridão. Não esqueça, Aurora, sua luz é mais forte que tudo.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Crescer sem deixar de ser.

Crescer é difícil, eles não nos avisaram que seria tão difícil. Tantas decisões, tantas decepções, dizem que é necessário, que faz parte do crescimento. Mas dói, e nada muda o fato de que como dói. Amigos que se perdem, amizades desfeitas, a falta de tempo para o que realmente importa, ou deveria importar. A obrigatoriedade de se encontrar, de se decidir, dinheiro e mais dinheiro quando tudo que você quer é voltar a brincar e rir com seus amigos como se não houvesse amanhã.
Decidir o que vai ser, contas para pagar, decepções, perdas. Cicatrizes. Cicatrizes fazem crescer, mas elas continuam lá no final das contas.
Crescer sem se esquecer, sem se perder.
Crescer sem perdê-los, sem esquecê-los no meio da vida corrida e caótica.
Crescer sem desistir, sem deixar de ser sonho e amor. Sonho e risadas sinceras.
Afinal, cresce mesmo quem não esquece, quem não desiste, quem não deixa de se impressionar com aquelas risadas sinceras.
Cresce mesmo quem não deixa de sonhar, mesmo ao se arranhar.
Cresce mesmo quem não deixa o ceticismo vencer nesse mar de céticos.
Cresce mesmo quem aprende a não vender seus sonhos por papeis com cifras.
Cresce mesmo quem encontra na risada de quem ama o verdadeiro milagre de Deus. E não deixa de enxergar.
Sem jamais deixar de enxergar com os olhos de uma criança, com os olhos de um jovem sonhador, pois esses sim sabem o que realmente importa.
Crescer para ser e não para ter.